quarta-feira, 24 de março de 2010

A marca da floresta

Acre cria selo estadual para atestar origem de utensílios produzidos pelo pólo moveleior de Rio Branco.

O Acre saiu na frente na corrida pelo mercado de produtos florestais certificados: criou um selo que indica, para o consumidor, que o produto florestal que ele está levando vem de um dos estados menos desmatados da Amazônia. 

Trata-se do selo Acre Certificado Florestas Manejadas, aplicado a produtos que já possuem o selo FSC (Forest Stewardship Council). Cadeiras, mesas, espreguiçadeiras e utensílios de cozinha “duplamente certificados” já estão à venda em 21 lojas da rede C&C (Casa e Construção), nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

“É uma estratégia de marketing. Não basta inserir os produtos já certificados no mercado do Sudeste. É preciso que as pessoas saibam que eles vieram do Acre”, diz a Chefe do Departamento de Políticas Públicas Florestais do Estado, Marilda Moreira Brasileiro Rios.

Os produtos são fabricados por quatro empresas certificadas do pólo moveleiro localizado no Distrito Industrial de Rio Branco. “Elas utilizam madeira de seis fontes principais: duas madeireiras e quatro comunidades, todas elas certificadas por nós”, esclarece Patrícia Cota Gomes, do Imaflora, ong brasileira credenciada pelo FSC para realizar certificações.

“Na primeira entrega de produtos com o selo estadual para a C&C enviamos 2.800 peças. Estamos fazendo um esforço para que os produtos certificados do Acre cheguem ao consumidor final pelo mesmo preço do convencional”, salienta George Dobré, proprietário da IIba Produtos Florestais Sustentáveis e responsável pelo contrato com a cadeia C&C.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,a-marca-da-floresta,526224,0.htm

segunda-feira, 22 de março de 2010

Entulho precioso

A empresa faz com que o lixo seja reutilizado na construção civil, através da reciclagem.


por Paulo D’Amaro, de Socorro, SP

A idéia dessa pequena empresa do interior paulista é fazer com que o entulho que se acumula pelo Brasil seja reutilizado na construção civil. Uma sacada tão simples e lucrativa que pode se espalhar pelo país inteiro e mudar o panorama da degradação ambiental



Socorro. Esse é o nome de uma bucólica estância hidromineral paulista, mas bem que poderia representar o grito da sua própria população. Afinal, até o ano passado, mais de 1 000 toneladas de entulho e restos de material de construção eram despejados a cada mês na beira das estradas, rios e florestas, estragando a beleza do lugar. É o lado ruim do progresso da cidade, que, por estar a apenas 131 quilômetros da capital paulista, tem sido escolhida como refúgio de fim de semana – fato que aqueceu a construção civil. Mas uma idéia simples está mudando esse cenário de degradação ambiental. Boa parte do entulho que sai das demolições e construções agora volta para elas, na forma de material reciclado – um exemplo que pode se espalhar pelo Brasil inteiro e diminuir enormemente o acúmulo de lixo no país.



Tudo graças à criatividade de dois pequenos empresários, João Batista Preto de Godoy e seu pai, Sebastião Preto de Godoy – diretores da Irmãos Preto Materiais para Construção, que derrotou, na categoria Solo, grandes empresas como o Grupo Pão de Açúcar.



A história começou em 1994, quando a família Preto conduzia um modesto negócio de coleta de entulho. Suas caçambas eram alugadas por quem quer que estivesse reformando a casa para se livrar dos restos da obra. A empresa recolhia os rejeitos e os transportava até um dos depósitos de lixo irregulares da cidade (como Socorro não tem aterro sanitário, seu lixo, teoricamente, deveria ser levado a outros municípios, que cobram para ficar com ele). Enquanto isso, a cidade gastava fortunas comprando cascalho para recobrir as estradas de terra, açoitadas pelas chuvas freqüentes. “Percebi então que esse cascalho poderia ser substituído pelo meu entulho”, conta João Batista, que abandonou a faculdade de Biologia para ajudar nos negócios da família.



Nasceu aí a idéia de moer o entulho para vender cascalho à prefeitura. Ao botá-la em prática, em 2000, ele farejou uma possibilidade ainda melhor. “Eu vi aquela poeirada toda saindo do equipamento e então pensei: isso deve servir para alguma coisa.” Não demorou e João estava misturando os restos triturados de entulho a cimento e água. Bingo! O material funcionava tão bem quanto qualquer argamassa preparada pelo mais experiente pedreiro. Substituía perfeitamente a areia usada nas obras.



E por que ninguém pensou antes nessa idéia tão simples? Pensar, muita gente deve ter pensado. Mas o trunfo da família Preto foi seu passado ligado à mineração de feldspato – mineral que era usado na fabricação de vidros. “Nessa época, aprendemos muito sobre como triturar e homogeneizar qualquer coisa, obtendo grãos do tamanho desejado”, explica o pai, Sebastião, de 58 anos. Por isso, a família conseguiu desenvolver, a partir de sucata, um britador de mandíbulas, equipamento capaz de moer o entulho e separar o material obtido em dois tipos: o agregado graúdo, ideal para pavimentação de estradas, substituindo cascalho e brita, e o agregado miúdo, excelente para uso na construção de casas.



Apesar da desconfiança de muitos engenheiros e pedreiros da região e também do descaso da prefeitura local, o projeto tornou-se um sucesso. Pudera: 1 metro cúbico da argamassa reciclada custa apenas 12 reais – três vezes menos que a areia usada tradicionalmente. “Em 2001, quase 2 000 toneladas de entulho voltaram para os canteiros de obra como material reciclado”, orgulha-se João Batista. Outras 1 320 toneladas viraram pedriscos que foram espalhados pelas estradas de terra locais. Além disso, a empresa recolheu e armazenou 60% de todo o entulho produzido no município, evitando que ele degradasse as belas paisagens da região ou poluísse seus riachos cada vez mais usados pelos fãs de esportes de aventura.



Consagrado no dia-a-dia do município, o projeto Recicla Socorro, como foi batizado pela família, está ganhando agora aval acadêmico. Virou alvo da tese de doutorado do engenheiro Leonardo Fagundes Rosemback Miranda, na Escola Politécnica da USP. “É um trabalho simples, que requer pouco investimento”, diz João Batista Preto de Godoy. “Qualquer empresa de coleta de entulho em qualquer cidade do Brasil pode fazer isso, reduzindo as agressões ao meio ambiente e ganhando dinheiro ao mesmo tempo.” Fácil e genial.







Os finalistas

O Pão de Açúcar fez uma enorme diferença em São Paulo, ao criar um programa de coleta seletiva de lixo em 12 de suas lojas. O Programa Pão de Açúcar/Organics recolheu 500 toneladas de lixo reciclável apenas em 2001, e ainda contribuiu com doações para projetos sociais. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais foi o outro finalista, com um programa de agricultura orgânica e desenvolvimento sustentável no município mineiro de Itambacuri.
fonte:http://super.abril.com.br/mundo-animal/entulho-precioso-461561.shtml

terça-feira, 9 de março de 2010

SOS MATA ATLÂNTICA

Relatório de atividades de 2008
http://www.sosma.org.br/link/relatorioSOSMA-2008-final.pdf

Consulta popular sobre mudanças climáticas

No dia 26 de setembro de 2009, o Brasil foi um dos 38 países que realizaram consulta a cidadãos sobre mudanças climáticas e o acordo global a ser definido na COP-15, que poderá decidir o futuro do planeta. Cerca de 100 brasileiros de diferentes idades, classes sociais, níveis de escolaridade, gênero e naturalidade levantaram recomendações aos negociadores brasileiros da COP-15. A iniciativa integra o Projeto Visões Globais do Clima (WWViews - World Wide Views on Global Warming), que consultou cerca de 4.400 cidadãos em todo o mundo.

No Brasil, o projeto Visões Globais do Clima foi realizado pelo Centro de Estudos de Sustentabilidade da FGV EAESP (CES) e pelo Observatório do Clima (Rede Brasileira de ONGs e Movimentos Sociais em Mudanças Climáticas). O coordenador geral do projeto foi André Ferretti, coordenador do Observatório do Clima, e coordenador de Conservação da Biodiversidade da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.

Clique aqui para ler o relatório final do evento.

Fonte: http://internet.boticario.com.br

sábado, 6 de março de 2010

Mata Ciliar

Perguntas Frequentes

O que é Mata Ciliar?

Mata ciliar é a formação vegetal localizada nas margens dos nos, córregos, lagos, represas e nascentes. Também é conhecida como mata de galeria, mata de várzea, vegetação ou floresta ripária. Considerada pelo Código Florestal Federal como "área de preservação permanente", com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma extensão específica de acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente.

O que acontece sem a mata ciliar?

O uso das áreas naturais e do solo para a agricultura, pecuária, loteamentos e construção de hidrelétricas contribuiram para a redução da vegetação original, chegando em muitos casos na ausência da mata ciliar.

ESCASSEZ DA ÁGUA

A ausência da mata ciliar faz com que a água da chuva escoe sobre a superfície, não permitindo sua infiltração e armazenamento no lençol freático. Com isso, reduzem-se as nascentes, os córregos, os rios e os riachos.

EROSÃO E ASSOREAMENTO

A mata ciliar é uma proteção natural contra o assoreamento. Sem ela, a erosão das margens leva terra para dentro do rio, tornando-o barrento e dificultando a entrada da luz solar.

PRAGAS NA LAVOURA

A ausência ou a redução da mata ciliar pode provocar o aparecimento de pragas e doenças na lavoura e outros prejuízos econômicos às propriedades rurais.

QUALIDADE DA ÁGUA

A mata ciliar reduz o assoreamento dos rios, deixa a água mais limpa, facilitando a vida aquática.

IMPEDE A FORMAÇÃO DE CORREDORES NATURAIS

Essas áreas naturais possibilitam que as espécies, tanto da flora, quanto da fauna, possam se deslocar, reproduzir e garantir a biodiversidade da região.
Qual a diferença entre espécies nativas e espécies exóticas?

As espécies nativas são aquelas naturais de uma determinada região. A flora nativa, durante milhares de anos, vêm interagindo com o ambiente e, assim, passou por um rigoroso processo de seleção natural que gerou espécies geneticamente resistentes e adaptadas ao local onde ocorrem. Elas possuem um papel fundamental, pois controlam o excesso de água das chuvas no solo, evitam a perda de água dos rios e oceanos, gerenciam a filtração e a absorção de resíduos presentes na água, evita o escoramento e a erosão do solo, além de fornecerem alimentação e abrigo para agentes polinizadores. As espécies exóticas são aquelas introduzidas de outras regiões, como de outro país, por exemplo, não sofreram esse processo de seleção natural e, dessa forma, não servem de substituto ideal para a flora nativa, uma vez que não desempenham as mesmas funções dentro do ecossistema. As espécies exóticas são amplamente usadas com objetivos econômicos para a produção de celulose, por exemplo. Porém, é necessário ressaltar que um plano de manejo das espécies exóticas deve ser feito e tem fundamental importância para não deslocar as espécies nativas.

FONTE: LORENZI, H. “Árvores Brasileiras – Manual de Indentificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil”, volume 1, 4ª edição. Nova Odessa, SP: Instituro Plantarum, 2002.

Para que preservar as Matas Ciliares?

- Reter/filtrar resíduos de agroquímicos evitando a poluição dos cursos d’água

- Proteger contra o assoreamento dos rios e evitar enchentes

- Formar corredores para a biodiversidade

- Recuperar a biodiversidade nos rios e áreas ciliares

- Conservar o solo

- Auxiliar no controle biológico das pragas

- Equilibrar o clima

- Melhorar a qualidade do ar, água e solo

- Manter a harmonia da paisagem

- Melhorar a qualidade de vida

Quais os danos ambientais decorrentes da redução da cobertura florestal e das matas ciliares?


- perda de qualidade da água

- erosão e perda de nutrientes do solo

- aumento de pragas das lavouras.

- assoreamento dos rios e enchentes

- alterações e desequilíbrios climáticos(chuva e aumento da temperatura)

- redução da atividade pesqueira

Legislação

A mata ciliar é uma área de preservação permanente, que segundo o Código Florestal (Lei n.° 4.771/65) deve-se manter intocada, e caso esteja degradada deve-se prever a imediata recuperação.e. Essa lei já existe há 40 anos! Mas nem sempre foi cumprida.

Toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios, e ao redor de nascentes e de reservatórios, deve ser preservada. De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a largura do curso d'água. A tabela apresenta as dimensões das faixas de mata ciliar em relação à largura dos rios, lagos, represas e nascentes.

O que é redução da Biodiversidade?



- Redução das espécies

- Perda do banco genético

- Diminuição da fertilidade do solo

- Desequilíbrio dos macro e micro ecossistemas

Qual o objetivo geral do programa?

- promover a reconstituição, manutenção e proteção das matas ciliares e

- melhorar a qualidade de vida no Paraná


O que deve ser plantado na mata ciliar?

- devem ser plantadas espécies que são encontradas nas matas ciliares da região onde o plantio irá ocorrer. Os viveiros CONVENIADOS AO PROGRAMA MATA CILIAR recebem sementes coletadas e distribuídas pelo IAP segundo recomendações da EMBRAPA.

- Arquivos: Lista de espécies por região e Mapa das regiões.

Como participar do programa?

As mudas são produzidas pelas entidades conveniadas ao Estado e pelos viveiros regionais do IAP. Entrando no mapa na sua região e no seu município você visualiza quais as entidades que possuem convênio e, por conseqüencia, onde você poderá obter as mudas.
A orientação técnica é realizada pela Emater de seu município ou pelos técnicos das entidades conveniadas.



1. Verifique se seu município é conveniado.

2. Se positivo – procure o técnico e o viveiro municipal ou o escritório local da Emater para a obtenção das orientações técnicas e mudas.

3. Se negativo procure o escritório local da Emater de seu município que indicará o viveiro regional do IAP mais próximo.

Principais métodos ou sistemas de recuperação de matas ciliares:

1. É fundamental o isolamento da área de animais de qualquer espécie pois as mudas são facilmente dizimadas pelo gado, porcos, galinhas etc.

2. Se houver capim ou outra vegetação rasteira é recomendado o coroamento do local onde será plantada a muda, com a enxada. Se não houver controle do mato as mudas podem morrer ou não se desenvolver por faltada d’água, luz e nutrientes.

3. A orientação técnica para o plantio deve ser buscada junto a Emater Paraná. O plantio correto acarretará economia de tempo e dinheiro. A recomendação geral é o plantio de mudas de espécies pioneiras e secundárias tolerantes ao sol e de crescimento rápido e com um espaçamento de 2metros entre linhas por 2 metros entre covas. Existem outras alternativas de plantio em faixas, em ilhas e também quando houver bastante vegetação nativa nas imediações, pode ser feito o simples abandono da área. Procure um técnico para realizar o plantio tecnicamente correto.

Posso limpar a área na mata ciliar para o plantio?

É indicado o coroamento com a enxada. Qualquer outra operação de limpeza deve ser autorizada pelo IAP.

De quem é a responsabilidade pelo cercamento, preservação e recuperação da área de mata ciliar?

São os proprietários efetivos da área, mesmo nos casos de áreas arrendadas.

Que arame utilizar para a construção da cerca de isolamento da mata ciliar?

O arame farpado não é recomendado, pois pode machucar animais que transitam na área. Pode-se usar arame liso ovalado.

Como fazer o isolamento da área de mata ciliar?
Recomendamos utilizar arame liso ovalado, porém, não há nenhuma Resolução ou Lei que especifique como ou qual material deve ser utilizado. Lembrar que a cerca deve ser construída fora da faixa considerada de preservação permanente

O que são áreas protegidas por lei?
São áreas criadas para proteger todas as espécies de plantas e de animais, ou seja, a biodiversidade, para garantir sua sobrevivência. Essas áreas são importantes para o equilíbrio ecológico do clima, para abastecer os mananciais de água e para a qualidade de vida humana. No Brasil, essas áreas são denominadas de Unidades de Conservação e têm diferentes categorias e objetivos, definidas pela Lei 9.985 de 18/07/2000.

O que é Reserva Legal?

É uma porção da propriedade particular ou posse rural onde não é permitido o desmatamento (corte raso), mas é permitido o uso com manejo sustentável, ou seja, um manejo que garanta a perenidade dos recursos ambientais e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade sendo socialmente justo e economicamente viável.

No Paraná, o tamanho da Reserva Legal é de 20% da propriedade, área que deve ser conservada e, em alguns casos, recuperada.
O que são Corredores Ecológicos?

Corredores Ecológicos são áreas que unem os remanescentes florestais possibilitando o livre trânsito de animais e a dispersão de sementes das espécies vegetais. Isso permite o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora e a conservação dos recursos hídricos e do solo, além de contribuir para o equilíbrio do clima e da paisagem. Os corredores podem unir Unidades de Conservação, Reservas Particulares, Reservas Legais, áreas de Preservação Permanente ou quaisquer outras áreas naturais.

No Brasil, existem vários remanescentes florestais de Mata Atlântica, por exemplo, que representam ilhas de biodiversidade que guardam as informações biológicas necessárias para a restauração dos diversos ecossistemas. Assim, sempre que não existe ligação entre um fragmento florestal e outro, é importante que seja estabelecido um corredor entre esses fragmentos e a área seja recuperada com o plantio de espécies nativas ou através da regeneração natural.

Os corredores ecológicos podem ser criados para estabelecer ou para manter a ligação de grandes fragmentos florestais como as Unidades de Conservação, e também ligar pequenos fragmentos dentro de uma mesma propriedade ou microbacia. Um meio fácil de criar corredores é através da manutenção ou da recuperação das matas ciliares, consideradas áreas de preservação permanente, que ultrapassam as fronteiras das propriedades e dos municípios. Através das matas ciliares é possível estabelecer conexão com as reservas legais e outras áreas florestais dentro das propriedades.

O que é uma floresta primária?

Floresta primária, também conhecida como floresta clímax ou mata virgem, é a floresta intocada ou aquela em que a ação humana não provocou significativas alterações das suas características originais de estrutura e de espécies.

O que são florestas secundárias?

Florestas secundárias são aquelas resultantes de um processo natural de regeneração da vegetação, em áreas onde no passado houve corte raso da floresta primaria. Nestes casos, quase sempre as terras foram temporariamente usadas para agricultura ou pastagem e a floresta ressurge espontaneamente após o abandono destas atividades. As florestas secundárias são classificadas de acordo com o estágio de regeneração.

O que é Sucessão Ecológica ou Sucessão Secundária?

É quando uma floresta é destruída para se fazer um roçado ou uma pastagem e depois abandonada, tornando possível que a Natureza comece a refazer ali a mata destruída, e a vegetação que foi destruída pelo homem retorna, caracterizando a Sucessão Ecológica ou Sucessão Secundária. Sucessão, porque o ambiente muda de tempos em tempos; e Secundária, porque a vegetação natural volta a nascer em um lugar onde antes já existia.

Porém, às vezes a área foi tão destruída, desmatada ou utilizada por animais pastoris que a Natureza, por si só, não consegue regenerar com simples abandono. Logo, é importante que o proprietário ou aquele que usa a terra plantar mudas de espécies nativas para tornar viável a recuperação da área degradada.

Quais são as espécies de árvores da Sucessão Ecológica?

Espécies Pioneiras: são aquelas de sementes pequenas, que germinam com muito sol. As árvores possuem madeira mole, crescimento rápido, vida curta (de 20 a 30 anos) e altura que varia de 10 a 15 metros.

Espécies Sencundária Inicial: são aquelas com semente medianas que germinam tanto no sol como na sombra e tem vida curta de alguns meses. As árvores têm madeira macia, crescem rápido, vivem mais de 50 anos e possuem altura de 20 a 25 metros.

Espécie Secundária Tardia: possuem sementes grandes que germinam na sombra. Como o desenvolvimento inicial ocorre com pouca luz, o crescimento é lento. As árvores possuem madeira dura, vivem muito (100 anos para mais) e atingem até 50 metros de altura.

Espécie Clímax: com semente grande, germinação e crescimento lento. As árvores possuem madeira extremamente dura e atingem até 10 metros de altura.

* A lista das espécies recomendadas para a recuperação de áreas degradadas estão no link “Informações Técnicas".

Fonte: http://www.mataciliar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=10

Parcerias Fortalecem o Programa Mata Ciliar

O Programa Mata Ciliar é coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMA e é executado em parceria com os Municípios, Secretarias de Estado da Agricultura e do Planejamento e com forte inserção da iniciativa privada. O desenvolvimento do Programa Mata Ciliar tem uma proposta de transversalidade com ações transpassando diversos órgãos de governo e a iniciativa privada. O trabalho no campo é desenvolvido principalmente com os agricultores, e é realizado por mais de 500 técnicos que atuam em mais de 300 entidades conveniadas, nos escritórios do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater e no Instituto Ambiental do Paraná - IAP. Os agricultores recebem orientação sobre as técnicas de plantio, espécies nativas indicadas para cada região, formas de isolamento da área no entorno dos rios e construção de cercas para evitar a entrada de animais.

“O Programa Mata Ciliar é o resultado de um trabalho pensado, construído e realizado em parceria. O governo tem plena consciência da importância da participação de cada agricultor, cada cooperativa, cada município e cada instituição. A participação da população é a única garantia de que as árvores plantadas cresçam e, com elas, a consciência das pessoas”, afirmou a Chefe Regional da SEMA de Londrina, Ângela Carvalho.

O corpo técnico envolvido faz o esclarecimento dos pequenos produtores rurais sobre a necessidade de recuperar a mata ciliar para o aumento da sustentabilidade da produção. Os agricultores, por intermédio das entidades parceiras.

Para os técnicos do IAP cabe gerenciar regionalmente o cumprimento das ações e metas estabelecidas em convênio com os mais de 300 parceiros oficiais do Programa, estabelecer as áreas prioritárias para recomposição da mata ciliar, produzir e distribuir as mudas e monitorar a recuperação das áreas trabalhadas. O IAP também acompanha a produção das mudas nos viveiros municipais e nos viveiros próprios do IAP (vide mapa de navegação).

Durante o seu desenvolvimento o Programa consolidou-se principalmente por intermédio de parcerias. A todo o momento são analisadas e autorizadas solicitações das mais diversas formas de cooperação. A Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), Colégios Agrícolas, Universidades, a Companhia de Energia Elétrica do Paraná (COPEL) e a Itaipu Binacional são exemplos de parcerias construídas em um ambiente de desafios e resultados.

Proposta Social – O Programa Mata Ciliar trabalha em parceria com as a Secretaria da Criança e da Juventude, Secretaria do Emprego e da Promoção Social, Secretaria de Educação, Secretaria de Justiça e Cidadania, Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a Associação Regional de Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (ARCAFAR SUL) em programas de inclusão social relacionados às ações do Programa Mata Ciliar.

Menores Infratores, alunos de 15 Colégios Agrícolas Estaduais, da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAES), Federação das APAES, do Centro de Ressocialização de Londrina e presos do sistema penitenciário estão trabalhando na produção de mudas em viveiros cedidos pelo Programa.

Instituições – Instituições públicas e privadas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) - nacionais e internacionais como por exemplo a ONG Preservação, Instituto Alfredo Kaefer, Fundação Weiss Scarpa, Associação De Moradores Agricultores e Pecuária Do Rio D'areia, IVAICANA Agropecuária, USACIGA – Açúcar, Álcool e Energia Elétrica também assinaram termos de cooperação com o Programa Mata Ciliar.

A ONG The Nature Conservancy (TNC) é parceira na produção de mudas em viveiros regionais do IAP e em atividades de monitoramento e plantio. “O Paraná já se destaca dos demais Estados por apresentar resultados concretos – mais de 80.126.279 árvores plantadas - que podem ser utilizados como exemplo”, afirmou Miguel Calmon, representante da TNC.

Cooperativas A assinatura de convênios com as Cooperativas como a Cooperativa Agrindustrial de Cascavel (COOPAVEL), Cooperativa Agrária de Guarapuava, Cooperativa Agroindustrial Vale do Ivaí (COOPERVAL), Cooperativa Agrária e Agroindustrial (COCARI), Cooperativa Agroindustrial (COCAMAR), Cooperativa Agrária Mista Entre Rios, Cooperativa Agrária Tradição, Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana (COOPCANA), Cooperativa Agroindustrial do Noroeste Paranaense (COPAGRA), Cooperativa Agroindustrial dos Produtores de Cana de Rondon (COOCAROL) já proporcionou a adesão de mais de 25 mil produtores rurais, associados asCooperativas, para recomposição da mata ciliar.

Já a Cooperativa Agroindustrial COCAMAR mantém, há anos, um bonito trabalho em parceria com o governo do Estado, na área ambiental. De acordo com o presidente da COCAMAR, Luiz Lourenço, a cooperativa conhece a sua responsabilidade no esforço pela conscientização dos produtores para a questão das matas ciliares e que as autoridades da área ambiental têm participado junto, sempre com entusiasmo. “Somos uma das primeiras cooperativas a implantar uma gerência para cuidar exclusivamente do meio ambiente. O plantio de 5 milhões de árvores, recentemente, foi algo que ficará na história”, afirmou o presidente, Luiz Lourenço.
Fonte: http://www.mataciliar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=11

sexta-feira, 5 de março de 2010

Na­tu­re­za po­de be­ne­fi­ciar tu­ris­mo em Or­ti­guei­ra

Um lu­gar cer­ca­do por be­le­zas na­tu­rais, co­mo ca­choei­ras e ca­ver­nas pron­tas pa­ra se­rem ex­plo­ra­das, ­além de co­mi­das e fes­tas tí­pi­cas são al­guns dos atra­ti­vos ofe­re­ci­dos pe­la ci­da­de de Or­ti­guei­ra (Nor­te). Com pou­co ­mais de 24 mil ha­bi­tan­tes, mas uma ex­ten­são que é a ter­cei­ra ­maior do Es­ta­do (2.451 me­tros qua­dra­dos), o mu­ni­cí­pio mos­tra gran­de po­ten­cial em de­sen­vol­ver o tu­ris­mo.

É o que apon­ta o ‘‘In­ven­tá­rio dos atra­ti­vos na­tu­rais de ­Ortigueira’’, ela­bo­ra­do por pro­fes­so­res da Uni­ver­si­da­de Es­ta­dual de Lon­dri­na (UEL). ‘‘Nós for­ne­ce­mos al­gu­mas in­for­ma­ções bá­si­cas pa­ra que a pre­fei­tu­ra e os em­pre­sá­rios lo­cais pos­sam de­sen­vol­ver ati­vi­da­des ­turísticas’’, ex­pli­ca o geó­gra­fo Wla­de­mir Ce­sar Fus­cal­do, um dos coor­de­na­do­res do pro­je­to. ‘‘É um lo­cal do pon­to de vis­ta na­tu­ral ex­tre­ma­men­te ­interessante’’, des­ta­ca o geó­lo­go An­ge­lo Spo­la­do­re, que tam­bém faz par­te da equi­pe coor­de­na­do­ra.

Os res­pon­sá­veis pe­lo in­ven­tá­rio ana­li­sam a me­lhor ma­nei­ra de ex­plo­rar as con­di­ções da re­gião. ‘‘A gen­te pro­cu­ra ver a in­fraes­tru­tu­ra do mu­ni­cí­pio, os ­meios de hos­pe­da­gem exis­ten­tes, as con­di­ções das es­tra­das, e for­ne­ce ao mu­ni­cí­pio es­ses ­dados’’, re­la­ta Fus­cal­do.

Com dez ca­ver­nas, sen­do ­seis já ma­pea­das pe­los pro­fes­so­res, cin­co mi­ran­tes na­tu­rais e 17 ca­choei­ras, a re­gião ga­nha ­ares con­vi­da­ti­vos, prin­ci­pal­men­te pa­ra pes­soas de es­pí­ri­to aven­tu­rei­ro. O pre­fei­to de Or­ti­guei­ra, Ge­ral­do Ma­ge­la do Nas­ci­men­to, re­co­nhe­ce a im­por­tân­cia do pro­je­to. ‘‘Te­mos pon­tos tu­rís­ti­cos e o in­ven­tá­rio pos­si­bi­li­ta que che­gue­mos até ­eles’’, co­men­ta.

Pro­je­to se­me­lhan­te foi rea­li­za­do em ou­tras ci­da­des, mas um da­do que cha­mou a aten­ção dos pro­fes­so­res é que a ini­cia­ti­va pe­lo in­ven­tá­rio em Or­ti­guei­ra par­tiu da co­mu­ni­da­de. ‘‘Uma pro­fes­so­ra nos pro­cu­rou por­que os alu­nos iam a uma ca­ver­na e ela es­ta­va preo­cu­pa­da com os ­riscos’’, lem­bra Spo­la­do­re. As bus­cas por in­for­ma­ções tam­bém de­pen­de­ram da par­ti­ci­pa­ção dos mo­ra­do­res tan­to na ­área ur­ba­na quan­to na ru­ral. ‘‘A gen­te sem­pre con­ta com a aju­da da po­pu­la­ção, ­eles são nos­sos in­for­man­tes ­privilegiados’’, co­men­ta Fus­cal­do.

Além de po­der con­tri­buir eco­no­mi­ca­men­te pa­ra a ci­da­de, o le­van­ta­men­to pos­si­bi­li­tou aos coor­de­na­do­res des­co­brir lo­cais com be­le­za e re­le­vân­cia his­tó­ri­ca des­co­nhe­ci­das até mes­mo pe­los mo­ra­do­res ­mais an­ti­gos. ‘‘Per­to do Ri­bei­rão Ro­sá­rio acha­mos pos­sí­veis ruí­nas de uma mis­são ­jesuíta’’, diz Spo­la­do­re. Do pro­je­to tam­bém par­ti­ci­pa a pro­fes­so­ra Ma­ria Del Car­men Cal­ven­te.

Os coor­de­na­do­res do pro­je­to con­tri­buem pa­ra que as pes­soas pes­soas pos­sam co­nhe­cer ­mais do lu­gar on­de vi­vem. ‘‘Nós man­te­mos a po­pu­la­ção in­for­ma­da so­bre o que es­tá acon­te­cen­do em Or­ti­guei­ra, com pa­le­tras em es­co­las e par­ti­ci­pa­ção em even­tos da ­cidade’’, con­ta Spo­la­do­re. O in­ven­tá­rio faz par­te do pro­gra­ma Uni­ver­si­da­de Sem Fron­tei­ras, do Es­ta­do.

Vi­ní­cius Fon­se­ca
Re­por­ta­gem Lo­cal


Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folha.php?id_folha=2-1--343-20100303

Fatores que comprometem as bacias hidrográficas

Problemas
Fatores que comprometem as bacias hidrográficas:

Em áreas urbanas

Saneamento

> Esgotos clandestinos, em sua maioria, são lançados em afluentes, causando o comprometimento da qualidade da água. O lançamento pode ser tanto domiciliar quanto industrial, o que causa um dano maior.

Drenagem urbana

> É a principal interface entre solo, esgoto, resíduos sólidos e poluição atmosférica.
A impermeabilização do solo acentua as enchentes e reduz a capacidade dos rios em períodos de estiagem.
A construção de estacionamento e armazenagem da água em reservatórios para o reuso seriam algumas das soluções.

Carga difusa

> Segundo o especialista em recursos hídricos Eduardo Gobbi, carga difusa é toda a sujeira que a chuva lava e vai para os rios, como óleo de carro, lixo doméstico, folhas e poluição. Segundo Gobbi, não há estudos no país sobre o assunto.

Em áreas rurais

Assoreamento

> É causado pela falta de mata ciliar e respeito às normas de construção e plantio, por exemplo.

Plano tem diretrizes para os próximos 4 anos
A política de recursos hídricos do estado ganhou, ontem, em Curitiba, mais uma ferramenta de atuação e planejamento. O Plano Estadual de Recursos Hídricos, considerado uma ação inédita no Paraná, é resultado de um trabalho em parceria com órgãos governamentais e sociedade civil.

Leia a matéria completa

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=978753&tit=Tempo-perdido-na-defesa-dos-rios-do-Parana

Tempo perdido na defesa dos rios do Paraná

Quase uma década sem um plano de gestão das bacias hidrográficas permitiu que problemas da urbanização fossem intensificados

Enquanto outros países discutem as dificuldades trazidas pela escassez de água, no Brasil a preocupação envolve a qualidade dos recursos hídricos. Concentrações urbanas e industriais, como Curitiba e a região metropolitana, apresentam áreas com saneamento básico insuficiente. Já no interior, o assoreamento causado pela degradação das matas ciliares é o principal problema para se manter a qualidade das águas. Embora a situação média dos rios paranaenses seja considerada razoável, o engenheiro ambiental Eduardo Gobbi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em recursos hídricos, alerta para áreas degradadas e afirma que o estado perdeu tempo na corrida pela conservação de suas bacias.

Para Gobbi, a qualidade das águas dos rios do Paraná poderia ser muito maior. “Perdemos a oportunidade de estar em uma fase mais avançada”, analisa. O professor diz que o atraso na implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), que depois de oito anos saiu do papel (leia mais nesta página), terá um ônus. Nesse meio tempo, a disputa pela água se tornou maior, intensificando os problemas que comprometem a recuperação das bacias, levando ao assoreamento e a problemas com saneamento e drenagem urbana, afirma o presidente do Instituto das Águas do Paraná, nome atual da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Sudersha), João Samek.

Segundo a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sane­par, Maria Salete Rosa, não houve avanços na gestão da poluição dos rios devido à falta de uma preocupação maior com a drenagem. A região metropolitana de Curitiba tem sido monitorada constantemente por causa do impacto das ocupações urbanas na qualidade da água. “Curitiba recebe água limpa e destina o passivo para os vizinhos, enviando esgoto”, descreve.

Gobbi acrescenta que o saneamento é o principal problema não só na capital, mas também no estado e em todo o país. Na sua avaliação, 50% dos rios de Curitiba e região metropolitana estão mortos, incluindo os rios Atuba, Palmital, Bacacheri, Belém, Ribeirão dos Padilhas e parte do Barigui. “A margem direita da Bacia do Iguaçu está comprometida pelo adensamento urbano e industrial”, analisa.

Duas soluções apontadas pelo professor da UFPR seriam a preocupação maior com as ligações clandestinas e a cobrança pelo uso da água, de forma que os poluidores paguem mais. Gobbi diz que o valor é político e a cobrança traz a sensação de que é preciso fazer alguma coisa para mudar o sistema. “Significa um comprometimento da sociedade, que deve estar disposta a ter de pagar para ter um rio limpo”, diz.

Gestão

Samek afirma que as informações sobre a qualidade e quantidade das águas do estado já existiam, mas estavam descentralizadas. A partir do lançamento do PERH, haverá a sistematização dos dados e a implementação de ações pontuais em cada área comprometida, lembra ele. A estimativa é que sejam aplicados cerca de R$ 600 milhões em obras de complexidade e infraestrutura em todo o estado, com recursos do Programa de Acele­ração do Crescimento (PAC).

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=978753&tit=Tempo-perdido-na-defesa-dos-rios-do-Parana

Organização internacional certifica o manejo ambiental responsável

Desde 1993, a ONG FSC certifica florestas e produtos resultados do manejo florestal adequado. O diretor da organização fala à DW sobre as florestas no Brasil e no mundo.

De acordo com a ONU, o mundo perde 200 quilômetros quadrados de florestas por dia. A maior parte do desmatamento mundial ocorre no Brasil e na Indonésia, segundo o Relatório de Monitoramento Global de 2008, realizado pelo Banco Mundial. Muitas das florestas são desmatadas ilegalmente, oferecendo riscos à fauna e à flora locais e aos trabalhadores envolvidos nas operações.
Para combater a insensatez no trabalho florestal em todo o mundo, a organização não governamental FSC (Conselho de Manejo Florestal, na sigla em inglês) foi fundada em 1993 na cidade alemã de Bonn para promover o manejo florestal responsável. A certificação FSC atinge mais de 80 países e ganha cada vez mais espaço no mercado. Atualmente, são responsáveis por cerca de 7 a 8 % da produção global de produtos derivados da madeireira.
O diretor-executivo da organização é o brasileiro André Giacini de Freitas. Formado em engenharia florestal pela Universidade de São Paulo (USP), Giacini acumulou uma vasta experiência em instituições ambientais internacionais, dentre elas a União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (Iufro), na Áustria, e a Federação de Trabalhadores Florestais, no Panamá. No Brasil, fez parte da ONG Imaflora, da FSC Brasil e trabalhou para um banco holandês, no qual desenvolveu políticas internas para certificação dos investimentos do banco a fazendeiros.
Em entrevista à Deutsche Welle, ele falou sobre o trabalho da FSC no mundo e fez suas avaliações sobre o Brasil, onde há 4,8 milhões de hectares certificados.
Deutsche Welle: Quando a FSC foi criada e qual é o seu propósito?
André Giacini de Freitas: Começou no inicio dos anos 90. Depois do reconhecimento de que somente as iniciativas governamentais para controlar a gestão das florestas não eram suficientes. Surgiu do interesse de organizações ambientais de setores progressivos da indústria e de movimentos sociais, para terem um sistema voluntário que reconhecesse as operações ou práticas de manejo florestais bem feitas. Isso é o que chamamos de manejo florestal responsável.
Quais são as características do manejo florestal responsável?
O manejo florestal minimiza os impactos ambientais e cuida das vias hídricas, da conservação do solo, das áreas de remanentes florestais, das áreas de proteção de florestas e de espécies ameaçadas. O manejo florestal tem uma série de medidas de proteção ambiental. A operação tem que prover para seus trabalhadores acampamento e moradia, alimentação, água, equipe de saúde e segurança do trabalho. Também vemos como funciona a relação com as comunidades locais e se há oportunidades de emprego, respeitando os direitos de uma comunidade tradicional. Há uma série de regras que legislam a parte social. Isso principalmente em relação às comunidades vizinhas e aos trabalhadores da mesma empresa florestal.
Como a FSC inicia a detecção de terras a serem certificadas?
Geralmente, são as comunidades ou as operações florestais que se interessam na certificação e buscam nosso sistema. Verificamos as práticas que elas têm e, se elas estiverem de acordo com nossos padrões, elas podem ser certificadas. Temos um modelo muito participativo de desenvolvimento de padrões. Trazemos a parte ambiental, social e a econômica, colocamos tudo na mesa e ai é preciso ver o que significa na prática a definição de manejo florestal responsável. Isso está definido nos nossos princípios e critérios, que são dez. Eles envolvem respeito às leis e à posse de terras, respeito aos povos indígenas, impacto ambiental, questões de monitoração e florestas de alto valor de conservação. Para alguém se certificar, ele tem que respeitar esses princípios e critérios. Podem ser comunidades, empresas, grandes e pequenos produtores, há uma grande variedade.
Há algum caso que tenha chamado especialmente a atenção, no qual a certificação ajudou a reverter algum problema?
Temos muitos casos no sistema e é muito interessante porque nosso objetivo é mudar práticas ambientais no mundo. Então, sempre temos a vivência de que estamos mudando as coisas. Um caso que me vem à cabeça agora é o que ocorreu na Guatemala, na Reserva da Biosfera Maia, onde há comunidades que estão certificadas e isso faz com que elas protejam melhor a floresta. E, ao final, as áreas certificadas FSC estão mais bem protegidas do que as áreas que estão sob a proteção do governo. Isso em relação a incêndios florestais, roubos de madeira, dentre outros.
Como você avalia o mercado de derivados de madeira?
Há uma demanda de produtos certificados, no caso do FSC, os produtos florestais, mas se falamos em produtos agrícolas, pode ser o Fair Trade, o orgânico, ou outro tipo de produto. Se um consumidor final pede ao seu fornecedor que venda produto certificado, isso vai, através da cadeia produtiva, chegar até a floresta. A ideia é que as operações certificadas sejam um mecanismo que traga algum tipo de benefício de mercado, pode ser um melhor preço, um acesso privilegiado ao mercado ou uma melhor condição de venda.
Qual é a participação da FSC no mundo e na América Latina?
Hoje em dia, estamos com 123 milhões de hectares certificados no mundo, o que representa 3,5 vezes o tamanho da Alemanha. Em termos de America Latina, há pouco mais de 11 milhões de hectares e os principais países são Brasil, Bolívia, Uruguai, Guatemala, México, Peru e Chile. São 240 operações certificadas.
E neste número estão englobadas comunidades e organizações?
Há tanto comunidades como organizações. Depende de cada país. Há países em que os componentes da comunidade são mais fortes, como a Guatemala, que tem muitas comunidades certificadas. Os países que possuem mais comunidades certificadas são México, Guatemala e Brasil. 
No Brasil, podemos dizer que a agricultura, a extração de madeira e a pecuária são os principais motivadores do desmatamento?
O desmatamento tem muitas causas é um tema bastante complexo. Mas, um dos principais motivadores é a expansão da pecuária. Às vezes, há uma exploração florestal que abre estradas na área e permite um acesso mais fácil, é uma questão ecológica. Mas, se eu tivesse que isolar uma causa principal, eu diria que é a carne.
Depois há alguma relação com a expansão da soja e da produção de madeira e alguma relação com alguns pequenos produtores rurais que acabam tendo uma forma de cultivo que requer o desmatamento de pequenas áreas.
Qual é o destino desta madeira?
Isso depende de quem for o dono das áreas. Se a área for de pequenos produtores, muitas vezes, a madeira não é nem comercializada, ou é algo muito local. Em outros casos, há madeiras que entram no mercado e boa parte é vendida no Brasil. O mercado consumidor brasileiro para a madeira tropical é muito grande.
O Brasil levou à cúpula do clima de Copenhague a meta de diminuir em 80% o desmatamento em território nacional. Você acredita que esta seja uma meta viável?
Eu acho que é viável com a combinação certa de medidas governamentais e de medidas do setor privado. Não é fácil, mas eu acho que é viável.
Quem você avalia que sejam os maiores culpados pela produção da madeira ilegal no Brasil: o governo, os produtores ilegais ou os compradores?
Todo mundo tem culpa. Há o produtor que o faz de maneira ilegal, ou a serralheria que não exige os documentos. O governo brasileiro tem melhorado nos últimos anos o seu sistema de fiscalização. Há um novo sistema de controle de volume e rastreamento. Infelizmente, esse sistema ainda não está funcionando nos principais estados produtores de madeira, como Pará, Mato Grosso e Rondônia. Mas vai chegar lá. O governo brasileiro tem trabalhado bastante, tanto que houve uma queda nos últimos anos de área desmatada. Não é só trabalhar com a questão da madeira ilegal e sim com o desmatamento ilegal. Há resultados positivos por parte do governo nessa área. Acho que há também progressos por parte dos consumidores. Mas todo mundo tem sua parcela de culpa.
Qual é a presença da FSC na Amazônia atualmente?
É interessante. Na Amazônia nós temos uma presença menor do que gostaríamos de ter. Mas, isso é mais por uma questão estrutural, por uma dificuldade de fazer manejo florestal na Amazônia. Não se trata da dificuldade de ser certificado, é a dificuldade de fazer manejo. Porque a questão fundiária na Amazônia é tão complicada e complexa que é difícil você ter a segurança necessária para poder utilizar a terra para manejo. Agora, o governo está aprovando a lei de gestão de florestas públicas, na qual ele delimita as terras que podem ser destinadas para o uso de empresas, comunidades ou o que quer que seja. Mas, tem que ser um uso responsável, para manejo. As florestas vão continuar sendo florestas, mas vai haver áreas públicas que poderão ser destinadas a esse uso. Quando esse sistema começar a rodar em grande escala, a certificação FSC vai crescer muito na Amazônia. Hoje, devemos ter em torno de 2 a 2,5 milhões de hectares certificados na Amazônia. Mas podia ser muito mais
Entrevista: Deyvis Drusian
Revisão: Carlos Albuquerque

Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5295217,00.html

 

quinta-feira, 4 de março de 2010

Carta do Chefe Seattle

O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra.
     Há uma ligação em tudo.”

Em 1854 o chefe índio Seattle enviou uma carta ao Presidente dos Estados Unidos em resposta a sua proposta para comprar as terras onde a tribo morava. A visão ecológica (a palavra ecologia nem existia na época) dele é surpreendente.

Leia a carta na íntegra:

"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.

Onde está a águia? Desapareceu.

É o final da vida e o início da sobrevivência"

http://www.cetesb.sp.gov.br/Ambiente/carta.asp

quarta-feira, 3 de março de 2010

Livro para baixar

Link em pdf do livro

"O Pequeno livro do Redd: um guia de propostas governamentais e não-governamentais para a redução de emissões por desmatamento e degradação"

Abaixo-assinado para coleta de assinaturas pedindo a criação de área protegida com 8.025 hectares, em Bertioga (SP)

O WWF-Brasil lança hoje (23/2) abaixo-assinado para coleta de assinaturas pedindo a criação de área protegida com 8.025 hectares, em Bertioga (SP), no mais conservado trecho de Mata Atlântica no litoral paulista. A área de planície, que faz conexão com o Parque Estadual da Serra do Mar, abriga rica diversidade de ambientes – dunas, praias, rios, florestas, mangues e uma variada vegetação de restinga – nos quais vivem animais raros e ameaçados de extinção.

O objetivo da ação na internet é obter o maior número de assinaturas em apoio à criação da unidade de conservação. O documento com as assinaturas será entregue ao governador do Estado de São Paulo, José Serra, e ao secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano.

A proteção da área em Bertioga vai contribuir efetivamente para que o Brasil cumpra meta firmada na Convenção da Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas. A meta assumida pelo país é de proteção de 10% da área original do bioma até 2010. Hoje temos somente 7,9% da Mata Atlântica original.

“Neste Ano Internacional da Biodiversidade chamamos a atenção para a necessidade de proteção e recuperação dos ecossistemas terrestres e aquáticos como uma maneira de defendermos a vida em nosso planeta”, ressalta a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú.

Criar e manter áreas protegidas são formas de nos prepararmos para enfrentar situações climáticas mais severas e frequentes, bem como seus impactos, como, por exemplo, erosão, assoreamento de corpos d’água e aumento das enxurradas, e suas consequências, como as enchentes, que já mataram dezenas de pessoas só este ano no Brasil.

“A melhor maneira de prepararmos a natureza para resistir aos impactos das mudanças climáticas é a conservação dos ecossistemas. Essa é uma forma de prevenirmos os impactos futuros. Criar áreas protegidas é necessário e urgente, pois essa também é uma medida de proteção ao indivíduo e à coletividade, explica Cláudio Maretti, superintendente de Conservação do WWF-Brasil.

Biodiversidade

Estudos realizados pelo WWF-Brasil demonstram que a proteção do local colocará a salvo espécies raras e ameaçadas de extinção, praias e a foz de rios. São conhecidas até agora 1.000 espécies de plantas, 44 com risco de serem extintas. Vivem lá pelo menos 14 espécies de anfíbios e répteis, sete espécies de aves e 14 espécies de grandes mamíferos, também ameaçadas de extinção.

Curiosidade: Antes de ser colonizada pelos portugueses, Bertioga era habitada por indígenas do tronco Tupi. Seu nome em tupi, Buriquioca, significa ‘morada dos macacos grandes’: buriqui significa macaco grande; e oca significa casa.

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Rio Tibagi é desviado para construção de Barragem

Hidrelétrica de Mauá entrará em funcionamento em 2011

O dia 1º de setembro foi marcado como o dia em que o leito do rio Tibagi foi desviado para a construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, com a abertura de túneis pelos quais o rio passará a correr.

Durante o feito foi realizada uma solenidade que reuniu autoridades políticas e empresarias de todo o Paraná, entre elas o governador do Paraná Roberto Requião, o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, prefeitos e vereadores de toda a região.

O desvio do rio é a conclusão da primeira etapa da instalação da usina, maior empreendimento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal em construção no Paraná.

De acordo com o superintendente geral do Consórcio Cruzeiro do Sul, Sérgio Luiz Lamy, existem vários trabalhadores locais no canteiro de obras. “Teremos novas fases a avançar e haverá prioridade a trabalhadores de Telêmaco Borba, pois o objetivo do empreendimento foca enormes benefícios à população, além de energia limpa, renovável e barata”.

O governador do Paraná, Roberto Requião, reiterou que o intuito da Copel é aumentar sua expansão, fazendo com que o povo paranaense tenha mais desenvolvimento. “Aqui mesmo em Telêmaco, além da Usina, temos a estrutura do Hospital Regional já levantada, tudo para uma nova oportunidade que marca este município, marca a história do Paraná e igualmente a do Brasil”.

A nova fase para a cidade e para o Paraná foi exemplificada pelo próprio governador. “Somos o segundo Estado em desenvolvimento do Brasil, o primeiro em saúde pública, e temos um crescimento fantástico na educação”, comparou.

O vereador Reinaldo Carneiro, que também se fez presente no evento, ressaltou que o investimento da Copel e da Eletrosul pode trazer ao município mais progresso e desenvolvimento, mas “desde que sejam efetivos os programas de responsabilidade social e ambiental previstos no projeto, principalmente nas cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira que serão os municípios mais afetados pela instalação da obra”.

Produção de Energia


“O investimento de Copel e Eletrosul, com apoio do Governo do Paraná, na Usina Hidrelétrica de Mauá espelha o retorno do Brasil ao aproveitamento do potencial energético que ainda resta na Região Sul e, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste do País”, observou Márcio Zimermann, representante do Ministério de Minas e Energia. De acordo com o presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto, a comunidade ganhará muito. “Estamos atentos e encaminhando bem todas as questões de preservação de fauna, flora e dos cidadãos”.

Com o processo de desvio temporário do Rio Tibagi, será possível iniciar as obras para adequação do leito original para a construção da barragem e a formação do reservatório da usina, que acontecerá no final de 2010.

A Usina Mauá deve entrar em operação comercial em 2011 com potência instalada de 361 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade com 1 milhão de habitantes. Sua construção permitiu a criação, até o momento, de 1.800 empregos diretos e 3 mil empregos indiretos, principalmente para trabalhadores provenientes das cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira.

Riscos socioambientais

Segundo nota emitida pelo “Movimento Água da Nossa Gente”, de Cornélio Procópio, a usina vai alagar uma área de alta biodiversidade entre as cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira, numa região que conserva hoje apenas 3,7% de sua mata nativa original. O funcionamento da usina também estará relacionado ao fornecimento de água potável para uma populosa região. Londrina, a segunda maior cidade do Paraná, tem 60% de seu abastecimento fornecido pelo Tibagi. Além disso, o rio tem influência direta na vida de cerca de 40 municípios.

O Rio Tibagi é também importante reserva estratégica de água potável, numa época em que tudo aponta para uma escassez futura. Apesar de todas estas considerações, a construção da Usina de Mauá vem sendo tocada pelo governo estadual, passando sobre as opiniões divergentes de técnicos e ambientalistas que vêm alertando há anos sobre os graves impactos ambientais.

Um dos problemas levantados é o do surgimento de algas tóxicas, já que a usina mudará a condição do Tibagi, que de um rio de corredeiras passará a ser de águas quase paradas. Em dezembro do ano passado a própria empresa estadual de saneamento, a Sanepar, acabou concordando com o risco.

Em resposta a questionamentos do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Londrina (Consemma) sobre o problema das algas tóxicas, a gerência metropolitana da Sanepar afirmou que além de ser mesmo provável no futuro, a proliferação de algas no manancial já havia ocorrido no ano de 2006, em razão de prolongada estiagem.
Mas apesar de bastante preocupante, as algas não são a única questão problemática. Na opinião de ambientalistas, a pressa na construção da usina fez o governo deixar de lado até procedimentos básicos no estudo dos impactos e na preservação ambiental.

Nas discussões ocorridas recentemente no Comitê da Bacia do Rio Tibagi, por exemplo, a construção da Usina Mauá foi ignorada. O Comitê aprovou o diagnóstico da bacia sem considerar a obra e, segundo os críticos, baseado apenas em informações superficiais e até falsas.

O mapa da cobertura florestal, segundo Laila Menechino, da Ong Meio Ambiente Equilibrado (MAE), considera um cenário da década de 1920, com a floresta nativa original preservada. “Hoje a bacia tem 3,7% da mata nativa preservada”, ela diz.

Segundo alguns participantes, aconteceram até manipulações para facilitar a aprovação do diagnóstico. Carlos Levy, membro do comitê e secretário do Meio Ambiente de Londrina, reclamou da condução dos trabalhos, afirmando que “enquanto achava que votávamos para aprovar a ata da reunião, estávamos votando para aprovar o diagnóstico”.
Mesmo considerando a vantagem que um empreendimento como a Usina Mauá pode trazer em termos de oferta de energia, não há como deixar de levar em conta que perigos ambientais tão graves exigiriam ação mais cuidadosa, sem falar em seriedade e transparência, até mesmo porque é algo público.

Com o impedimento das opiniões divergentes e o desprezo por estudos sérios e feitos com a intenção de ampliar a compreensão sobre o assunto, o caso da Usina Mauá até levanta suspeitas de que o interesse no efeito eleitoral de uma grande usina hidrelétrica é bem maior que a atenção aos problemas que podem ser causados ao meio ambiente.

Fonte: http://www.profreinaldo.com.br/noticia.php?id=99