quarta-feira, 3 de março de 2010

Rio Tibagi é desviado para construção de Barragem

Hidrelétrica de Mauá entrará em funcionamento em 2011

O dia 1º de setembro foi marcado como o dia em que o leito do rio Tibagi foi desviado para a construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, com a abertura de túneis pelos quais o rio passará a correr.

Durante o feito foi realizada uma solenidade que reuniu autoridades políticas e empresarias de todo o Paraná, entre elas o governador do Paraná Roberto Requião, o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, prefeitos e vereadores de toda a região.

O desvio do rio é a conclusão da primeira etapa da instalação da usina, maior empreendimento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal em construção no Paraná.

De acordo com o superintendente geral do Consórcio Cruzeiro do Sul, Sérgio Luiz Lamy, existem vários trabalhadores locais no canteiro de obras. “Teremos novas fases a avançar e haverá prioridade a trabalhadores de Telêmaco Borba, pois o objetivo do empreendimento foca enormes benefícios à população, além de energia limpa, renovável e barata”.

O governador do Paraná, Roberto Requião, reiterou que o intuito da Copel é aumentar sua expansão, fazendo com que o povo paranaense tenha mais desenvolvimento. “Aqui mesmo em Telêmaco, além da Usina, temos a estrutura do Hospital Regional já levantada, tudo para uma nova oportunidade que marca este município, marca a história do Paraná e igualmente a do Brasil”.

A nova fase para a cidade e para o Paraná foi exemplificada pelo próprio governador. “Somos o segundo Estado em desenvolvimento do Brasil, o primeiro em saúde pública, e temos um crescimento fantástico na educação”, comparou.

O vereador Reinaldo Carneiro, que também se fez presente no evento, ressaltou que o investimento da Copel e da Eletrosul pode trazer ao município mais progresso e desenvolvimento, mas “desde que sejam efetivos os programas de responsabilidade social e ambiental previstos no projeto, principalmente nas cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira que serão os municípios mais afetados pela instalação da obra”.

Produção de Energia


“O investimento de Copel e Eletrosul, com apoio do Governo do Paraná, na Usina Hidrelétrica de Mauá espelha o retorno do Brasil ao aproveitamento do potencial energético que ainda resta na Região Sul e, principalmente, nas regiões Norte e Nordeste do País”, observou Márcio Zimermann, representante do Ministério de Minas e Energia. De acordo com o presidente da Eletrosul, Eurides Mescolotto, a comunidade ganhará muito. “Estamos atentos e encaminhando bem todas as questões de preservação de fauna, flora e dos cidadãos”.

Com o processo de desvio temporário do Rio Tibagi, será possível iniciar as obras para adequação do leito original para a construção da barragem e a formação do reservatório da usina, que acontecerá no final de 2010.

A Usina Mauá deve entrar em operação comercial em 2011 com potência instalada de 361 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade com 1 milhão de habitantes. Sua construção permitiu a criação, até o momento, de 1.800 empregos diretos e 3 mil empregos indiretos, principalmente para trabalhadores provenientes das cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira.

Riscos socioambientais

Segundo nota emitida pelo “Movimento Água da Nossa Gente”, de Cornélio Procópio, a usina vai alagar uma área de alta biodiversidade entre as cidades de Telêmaco Borba e Ortigueira, numa região que conserva hoje apenas 3,7% de sua mata nativa original. O funcionamento da usina também estará relacionado ao fornecimento de água potável para uma populosa região. Londrina, a segunda maior cidade do Paraná, tem 60% de seu abastecimento fornecido pelo Tibagi. Além disso, o rio tem influência direta na vida de cerca de 40 municípios.

O Rio Tibagi é também importante reserva estratégica de água potável, numa época em que tudo aponta para uma escassez futura. Apesar de todas estas considerações, a construção da Usina de Mauá vem sendo tocada pelo governo estadual, passando sobre as opiniões divergentes de técnicos e ambientalistas que vêm alertando há anos sobre os graves impactos ambientais.

Um dos problemas levantados é o do surgimento de algas tóxicas, já que a usina mudará a condição do Tibagi, que de um rio de corredeiras passará a ser de águas quase paradas. Em dezembro do ano passado a própria empresa estadual de saneamento, a Sanepar, acabou concordando com o risco.

Em resposta a questionamentos do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Londrina (Consemma) sobre o problema das algas tóxicas, a gerência metropolitana da Sanepar afirmou que além de ser mesmo provável no futuro, a proliferação de algas no manancial já havia ocorrido no ano de 2006, em razão de prolongada estiagem.
Mas apesar de bastante preocupante, as algas não são a única questão problemática. Na opinião de ambientalistas, a pressa na construção da usina fez o governo deixar de lado até procedimentos básicos no estudo dos impactos e na preservação ambiental.

Nas discussões ocorridas recentemente no Comitê da Bacia do Rio Tibagi, por exemplo, a construção da Usina Mauá foi ignorada. O Comitê aprovou o diagnóstico da bacia sem considerar a obra e, segundo os críticos, baseado apenas em informações superficiais e até falsas.

O mapa da cobertura florestal, segundo Laila Menechino, da Ong Meio Ambiente Equilibrado (MAE), considera um cenário da década de 1920, com a floresta nativa original preservada. “Hoje a bacia tem 3,7% da mata nativa preservada”, ela diz.

Segundo alguns participantes, aconteceram até manipulações para facilitar a aprovação do diagnóstico. Carlos Levy, membro do comitê e secretário do Meio Ambiente de Londrina, reclamou da condução dos trabalhos, afirmando que “enquanto achava que votávamos para aprovar a ata da reunião, estávamos votando para aprovar o diagnóstico”.
Mesmo considerando a vantagem que um empreendimento como a Usina Mauá pode trazer em termos de oferta de energia, não há como deixar de levar em conta que perigos ambientais tão graves exigiriam ação mais cuidadosa, sem falar em seriedade e transparência, até mesmo porque é algo público.

Com o impedimento das opiniões divergentes e o desprezo por estudos sérios e feitos com a intenção de ampliar a compreensão sobre o assunto, o caso da Usina Mauá até levanta suspeitas de que o interesse no efeito eleitoral de uma grande usina hidrelétrica é bem maior que a atenção aos problemas que podem ser causados ao meio ambiente.

Fonte: http://www.profreinaldo.com.br/noticia.php?id=99

Um comentário:

  1. gostaria de saber o local dessa barragem e tambem se há vagas,para;pedreiro,motorista,carpinteiro,ajudante,etc?

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